segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Entre dois amores

Desde que cheguei não tive ainda disposção para escrever. Nem descarreguei a máquina com o resto das fotos. Primeiro por que ainda não carreguei as pilhas, segundo por que não sei se estou preparada para me deparar com os últimos dias e, terceiro, por que não sou obrigada! (Betina Botox tá demais nessa nova temporada).

Meu vôo de volta foi uma droga, pior ainda que o de ida mas não tomei nenhum barbitúrico. Eu MERECIA, mas não tomei. Um bebê ao meu lado que gritou o voô inteiro e um delinquente infantil atrás que passou a viagem inteira chutando minha cadeira. Tem noção?

Logo que cheguei ja fui ligando pros mais chegados para fazer os primeiros contatos. Passei o final de semana cercada de beijos, afagos e carinhos cheios de saudade. É bom estar de volta, encontrar os amigos, tomar uma cerveja no calor, assistir a nova temporada do terça insana, brincar de Duo Fel, ouvir o familiar vocalista do samba, mesmo que ruim.

Acontece que eu deixei aquela cidade num momento difícil. Minha amiga e fofa Tangerine fez aniversário ontem, a festa foi sábado. E eu ainda com aquela sensação de quem acabou de chegar de viagem... Tantas horas atrás eu estava lá, agora aqui. Semana passada eu estava em tal lugar. Fiquei triste por que queria estar lá, ao mesmo tempo que estava adorando matar as saudades dos meus fofos daqui, os meus queridos.

Tá muito foda isso. Eu estou com a sensação de que minha alma foi partida ao meio. Metade lá e outra aqui. Isso aconteceu por que a viagem foi tão perfeita! A melhor da minha vida. Os encontros com amigos e a certeza de que eles vivem bem lá, que agora são uma família e que num futuro próximo eu também farei parte dela. Quase tudo igual ao que a gente fazia aqui. Só com algumas peças faltando. E essas peças eu encontrei assim que botei os pés aqui, em Pequenópolis. É isso, alma partida.

Adoro as familiaridades daqui mas sinto falta de lá. Sinto falta da água que deixou meu cabelo liso mas com muito brilho. De andar na rua com segurança, mesmo que de madrugada. Sinto saudades do frio, da arquitetura, das civilidades urbanísticas de lá. Estacionamento para idosos, vagões de metrô preferenciais para ciclistas, piso tátil para os cegos. Sinto falta da sensação que dá, quando, ao atravessar a rua na faixa de pedestres, mais ou menos no meio do percurso, o fluxo humano que vem no sentido contrário se encontra comigo. E do vento frio que o metrô traz antes de parar na estação. Sinto falta da primavera, da casa do Cinéfilo. Mas eu sinto falta mesmo é das pessoas. Daqui e de lá.

Fase difícil essa minha. É por isso que eu vou dar um tempinho no Papel. Tenho que finalizar aquele projeto eterno e não quero mudar meu foco disso por enquanto. Depois eu me preocupo em sofrer. Além do mais, eu detesto meu texto quando estou triste. Até a próxima.

Beijocas mil.

Um comentário:

Cinéfilo disse...

Sei muito bem como é isso. Como diria o Contardo, vc tá começando a se tornar uma estrangeira na sua cidade natal e na cidade que escolheu pra morar. Alguém dividida entre ir e ficar, entre a saudade e aventura, entre a casa e o mundo.
Todo mundo que parte para outras terras tem um pouco de Suely...