terça-feira, 14 de julho de 2009

Para Wong Foo, obrigada por tudo! Julie Newmar



É sempre assim que eles começam "Post difícil esse... "

Quase sempre que um querido aniversaria eu escrevo. Dependo do tempo e da verve. Esta última fugiu de mim como o diabo foge da cruz. Os últimos post eram feitos da mais pura crap. Falta de constância na escrita aliada a uma total falta de inspiraçao já tornam bastante dificil o ato de escrever. Eu sou assim, tenho que me manter escrevendo para que seja natural a escrita. Nunca consegui eleger uma pauta escrever sobre ela. Só acontece quando acontece. Isso se aplica em quase tudo na minha vida.

Ela me encomendou esse post e eu prontamente disse que faria, apesar de saber que seria bem difícil falar sobre ela. A dedicatória curta do livro que lhe dei ano passado eu passei quase um ano para escrever.

Acontece que ela nunca me pede nada. Como eu haveria de negar um pedido desses, tão gratuito? Parecia importante que eu escrevesse. Me senti lisonjeada, afinal de contas não é todo dia que se recebe uma incubência dessas de pessoa tão especial. E comigo acontece dessa forma, o que ela me pede eu atendo mais que prontamente, pra onde ela me chama eu vou, feliz da vida.

Então, uma semana adiando esse post, fuçando meus alfarrábios mentais, tomando drogas lisérgicas o final de semana inteiro pra ver se a inspiração chegava e... nada. Agora danou-se, tenho que escrever estas poucas linhas insignificantes pra uma grande amiga. E o post tem que ser lindo, eu me cobro, afinal de contas, é uma pessoa que não só visita constantemente o Papel, como comenta e constrói diversas pautas, foi protagonista de muitas histórias cheias de humor e glamour.

É dela, quase exclusivamente, que retiro indicações para livros e filmes. Lógico que existem outros, mas por favor, não reclame, quem se achar profundamente ofendido pela afirmação. Esperem seus aniversários e as devidas homenagens. Agora a hora é dela, e chegou tarde e chegou pobre.

Uma das pessoas mais cultas e viajada que eu conheço. Afinal de contas, como eu poderia citar em uma mesma frase Crato e Pina Bausch? Como eu poderia citar o Hotel Danieli de Veneza e Marcelo Mastroianni? Como eu poderia falar em aniversario em Las Vegas assinstindo o Love do Cirque du Soleil? Ou o MacDonalds com hamburguer de carne de bode no Marrocos?

Também ela é devoradora de biografias e conneceur das grandes obras clássicas da Literatura mundial. Sim ela ja leu de tudo e lê meu blog, meu humilde blog. Por que ela é assim hi-low, meio Scarlett O´Hara meio Viridiana. Meio Häagen-Dazs, meio picolé Pardal. Meio Taj Mahal, meio Arlindo. Meio calça de veludo meio bunda de fora. Tem um apartamento na Beira Mar mas nunca compra cigarros. Se tem prefere acabar os cigarros alheios antes de pegar seus próprios, e sempre, SEMPRE rouba os isqueiros.

Pra você minha Golpista favorita, a única amiga que tenho que é um travesti preso no corpo de uma mulher. O nome do post trata de um filme péssimo, hi-low como você é, merece um filme ruim no inicio e uma poesia boa no final. Do Caeiro, especialmente pra você.


"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu."