quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Peço perdão logo de cara pelo desabafo... Esse post não é engraçado e nem completamente verdadeiro, mas como Contardo estava com a agenda lotada para hoje resolvi desabafar aqui mesmo. Amanhã eu deleto.

"Rien à faire" Célebre frase do teatro do absurdo...

Mais ou menos isso acontece todos os dias. É lógico que existe trabalho, e que ele muda todo dia, mas todo dia é um "Nada a fazer". Não falo só daquela atividade que faço a tanto tempo e nunca acabo. Falo das terças e quintas com psicólogas e fonoaudiólogas. Falo das lancheiras, das idas e vindas diárias à escola, das insistências diárias para tomar banho, fazer as tarefas, escovar os dentes. Das explicações rasas aos questionamentos metafísicos dele. Tudo mecânico e se repete... Todos-os-dias.

Me refiro também à chatice que é a vida adulta. Da pouca grana, muitas propostas, quase nenhuma concretizada. Dos sonhos de consumo que não posso concretizar. Os meus e os dele. Subitamente me sinto como uma personagem da peça de Beckett. Dia após dia a mesma espera absurda. "Amanhã virá..."

Essa semana meu ex me informou que nosso filho pediu para morar com ele caso eu resolvesse ir para Metrópolis. Eu já havia aceitado isso como uma possibilidade. Mas fiquei fraca. Tive medo sei lá de que. De ir e não querer voltar nunca mais, de querer voltar semana seguinte. De ficar aqui e me arrepender pelo resto da minha vida. Resolvi que iria. Não quero mais trazer a tona todos esses questionamentos. Não acho que serei uma boa mãe, filha, amiga ou namorada assim. Quero uma nova rotina, nem que seja mais chata do que essa que eu tenho. Quero uma nova cidade nem que ela seja mais fria, suja e barulhenta. Quero que meu filho seja feliz, nem que seja com o pai. Quero um novo amor nem que ele seja mais infiel que os anteriores.

Babá me disse outro dia "Você é muito ansiosa e possessiva, tem que deixar oS homenS(!?) da sua vida livres. Espere que as coisas se resolvem. Ninguém é de ninguém. As pessoas são do mundo"

Outro Godot. Foda, muito foda mas entendi. Eu sou só, nasci só e vou morrer só. Mesmo quando cercada de gente. Qual a finalidade dessa porra toda? Decidi, não amo mais ninguém. Não penso em mais ninguém, não faço mais caridade. Só penso em dinheiro agora. E nos meus novos peitos de silicone. MEEEEUS peitos de silicone que comprarei com MEEEEU dinheiro...
E no show da Madonna...
No Iphone...

Quem eu engano? Ninguém? Verdade, eu quero mesmo é ser uma boa mãe, uma boa filha e uma boa namorada. Boa amiga eu já sou. E é por isso que nunca tive medo de deixar meus amigos aqui para tentar minha vida por lá. Deles eu estou segura. O resto, porém, ainda tem que ser trabalhado e é por isso que eu vou. Morrendo de medo de que essa certeza de que as coisas se resolverão se acabe, e que nessa jornada eu quebre algo de forma irreparável na relação com meu filho.

É isso. Ô abuso esse meu....

3 comentários:

Lingualguma disse...

Everything is gonna be all right, honey baby.
E eu estou por aqui
Beijão

Cinéfilo disse...

Concordo que a vida é difícil, cheia de exigências e muitas vezes pobre em retorno. A rotina, de tão repetitiva, acaba com a paciência de qualquer Madre Tereza. Tudo isso acaba nos envolvendo e nos impedindo de fazermos o que quisermos, e de sermos felizes. Certo?
Não acho... Somos felizes porque temos alguém que precisa de nós, com o qual nos importamos, nos preocupamos e pelo qual nos sacrificamos. Somos felizes porque a rotina nos mostra que amanhã não é uma total incógnita. Somos felizes porque tudo isso que é chato pra burro nos oferece segurança.
Conselho de irmão: Não deixe nunca seu filho para trás. Ele já se sente abandonado pelo pai e isso é ruim o suficiente.
Você sabe que tem com quem contar por aqui. Seguramos a barra juntos.
Beijo

golpista disse...

Cinéfilo, é por isso que eu sou apaixonada por vc.
Um sonhador lúcido.
Papel,o mal dos clichês é por que eles são verdadeiros...faça do limão uma limonada.