terça-feira, 16 de setembro de 2008

Poliamor

Amigo é foda né? Acordei com vontade de escrever sobre eles mas fico com medo de esquecer alguém. Graças a Deus tenho poucos, mas os melhores amigos. De todas as épocas e lugares. Escola, faculdade, dos bares, amigos dos amigos, amigos que moram em outros estados, que falam outras línguas e vivem outros continentes.

Tanta saudade acompanha esse amor... Saudade daqueles que moram longe e é claro fazem falta. Saudades também daqueles que moram perto e me lembram diariamente de como eu já fui tola, do tanto de vodka que eu já tomei, das mais vergonhosas bocas que beijei.
Tenho saudade de todos esses anos que passaram, mas tenho saudade mesmo do domingo passado. Hoje eu gostaria de congelar minha vida.


:: Eu tenho amigos que moram perto, aqui na cidade mesmo. Eles fazem parte da minha rotina, e Deus sabe como eu adoooooooro rotina. Não a rotina diária, aquela chata, mas adoro aqueles que me ligam, sem falta, uma vez por mês para um petit comité. Adorava os almoços de sexta feira. As terças no chorinho, os finais de tarde de segunda e quarta no balcão do meu boteco. O cineminha e a praia intercalados, e a pizaria do domingo.

:: Eu tenho amigos que são meus namorados. É, são dois. Eles me ligam quase que diariamente, me convidam para tomar uma cerveja durante a semana, me levam para a praia, cinema, cozinham pra mim, dão a chave do apartamento.
A gente fala sobre o nosso dia, vibra quando algo de bom acontece, chora quando algo dá errado.... Para compensar a falta de sexo a gente se diverte fingindo que briga no caixa do supermercado, faz D.R's em elevadores, fala sacanagem na fila do McDonald's e escolhendo sabonete íntimo na farmácia... Só pra ver a cara de quem tá perto. Só pra dar certo consolo a eles, que se acham supernormais ao verem um casal brigando na rua. Por que a gente não quer ninguém infeliz ao deparar com um amor perfeito.
Morro de saudades do domingo passado porque ele foi perfeto, sempre é.

:: Eu tenho amigos que moram longe mas que de vez em quando eu revisito ao reler cartinhas que demoravam um mês pra chegar, bilhetinhos de mesa de bar... Eu tenho uma caixa onde guardo de tudo um pouco: bolacha de chop, carteiras de cigarros com datas e assinaturas, balão de gás hélio vazio, caixas de fósforos, mapas, cartões postais, ou seja uma coleção de amigos que moram longe mas que vivem comigo.
Sabe o que é foda? O que me mata mesmo são as dedicatórias de livros. Essas acabam comigo, leio e releio mil vezes, faço carinho, cheiro, choro, beijo, uma pieguice só. Desculpem mas é assim mesmo, sinto que ao fazê-lo eu posso resgatar minha juventude e a essência deles, os amigos. Como se estivéssemos conectados apenas pela palavra e não pelo espaço e tempo. Hoje temos e-mails, blogs, msn's... Mas eu tenho saudade mesmo é do cheiro do papel.


De uma maneira geral as pessoas odeiam o domingo. Eu adoro, eles sempre me dão material pro Papel. Esse papel ingrato sem cheiro, sem relevo, que não amarela, não dobra, não risca e não mancha. Mas que hoje tá do tamanho de um bombom de tanta saudade...

Um comentário:

Cinéfilo disse...

Buáááá!
Sei exatamente como é isso...
Beijo