sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pet Shop Boys e minha vida

Perdoem amigos a demora. Essa semana foi cheia de trabalho, dores de cabeça e encontros com ex's. Para piorar minha situação o Contardo resolveu não falar de mim ou de coisas que eu gosto. Falou sobre as eleições americanas. Quem me conhece sabe, odeeeeeeeeio! Graças a Deus já está acabando.

Sendo assim, tenho que escrever sobre mim mesma, profundamente inspirada na obra "Pela noite" de Caio Fernando Abreu, que terminei ontem.

Domingo sempre é meu dia favorito da semana. Esse não foi diferente. Praia, Linner (Lunch+ Dinner) no Loft, passada na Pizaria pra pegar minha bolsa linda que Cinéfilo e Dentista me enviaram e, quando menos esperava... Uma ligação. Sal, um ex, veio passar o final de semana aqui e ainda não havia me ligado. Já havia perdido as esperanças de vê-lo.

Sal é um fofo que namorei antes do Ex-Marido (ele foi o outro ex com quem me encontrei, na segunda, mas não vou falar sobre isso). Já chegou dizendo que estava escutando Fugees (Faz tempo isso, ok? Quase dez anos) e lembrou de mim, do meu antigo carro, do meu perfume L'Eau d'Issey (que agora ele usa também). Uma coisa linda nossa relação, meio "Amor nos tempos do cólera". Absolutamente platônica. (Juro que não sei o que ele sente a meu respeito, falo só por mim)

Ele me faz lembrar de como eu era, na época que o que importava era a hora que ele ia ligar, se ia passar na portaria e interfonar. Que lindo, uma rosa no dia que a gente faz um mês de namoro! (Sim, naquela época eu chamava de namorado uma pessoa que eu beijava E trepava mais de duas vezes). Sexo bom, longas preliminares (isso nem sempre é bom no meu ponto de vista, mas sim o sexo era muito bom), bastante sedutor, apesar de não saber que era (melhor assim, homem que sabe ou fica ridículo ou vira um sacana), coisa de aquariano em seu estado puro.

Naquela época as relações eram mais cartesianas. Eu só podia sair com uma pessoa. Larguei-o ao som de "Always on my mind" (versão do Pet Shop Boys, não do Elvis). Ainda me dói ouvir essa música.

"Maybe I didn't hold you all those lonely, lonely times,
And I guess I never told you,
I'm so happy that you're mine,
If I made you feel second best,
I'm sorry, I was blind."

Larguei-o para ficar com um outro carinha que podia não ser nada, só tesão mesmo (dois escorpianos juntos... Sem maiores comentários), mas acabou virando o pai do meu filho dois meses depois do primeiro beijo. O resto vocês sabem, mãe solteira, traições, depois veio o casamento, traições, separação, volta, fomos morar em Tubiacanga, mais traições e finalmente nos divorciamos.

Sal diz que faltou morrer quando soube da gravidez mas eu não sei, não vi. Pra variar tava preocupada com meu proprio umbigo que se abria a cada dia que passava. Tava preocupada com o fato de ter alterado minha vida amorosa, profissional e sexual por tempo indefinido, ou para sempre.

Enquanto isso, Sal contrai (isso, uso contrair, para parecer uma doença) matrimônio e vai fazer mestrado no Japão (Vê a injustiça?). Eu, o puro glamour, em TU-BI-A-CAN-GA, fazendo coisas prosaicas (dá vontade de escrever PROZAiCas), como varrer a casa, fazer almoço, bater travesseiro, seguindo minha ilusão de ordem... (Uma coisa tipo "I love you, you pay my rent")

Ele em Tóquio, com a esposinha. Agora ele vive em Metrópolis. E é feliz no casamento, tem gatos.

Eu, por outro lado, virei uma cínica. "E com medo das perdas, e das marcas deixadas pelas perdas e mais além, das perdas tão completas que nem sequer deixavam marcas e do que não conseguiria lembrar, sentia pena dos cacos entre as mãos, tão pulverizados que mesmo que os apertasse com força não conseguiria arrancar nem uma gota de sangue."

Minhas relações se resumem a pau, buceta, cu, bosta e medo de DST's. "Por mais flores e risos e beijos e carinhos e, droga, compreensão mútua e ma-tu-ri-da-de. Por mais apaixonado, por mais legal. Pra mim, nunca. Fica um cheiro de merda por tudo. Mesmo que você não veja. Que você não sinta. No escuro, fica."

Não tenho direito de sequer pensar em Sal como um amor possível . Tão puro e carinhoso. Tão longe de toda essa bosta. Não não, não quero mais essa culpa. Faltei matar o pobre da primeira vez que acabamos só por que eu queria "outra coisa" (bem Dulce Veiga). Minha vida hoje está mais para "It´s a sin".

"Everything I've ever done
Everything I ever do
Every place I've ever been
Everywhere I'm going to
It's a sin"

Apesar de todo o cinismo, queria ter permanecido como ele. Eu podia tê-lo endurecido depois da rasteira que eu dei, mas não. Ele ficou igual, eu que mudei. Vale dizer que a culpa dessa mudança toda no meu modo de agir não é do Ex-marido ou de outros. É minha mesmo, que chutei pelo menos dois caras que me amavam. Que sempre dei preferência a uma aventurinha qualquer. "Outra coisa, outro corpo. Tenho todo o tempo do mundo" Rá.

Triste né? Eu sei.

3 comentários:

Cinéfilo disse...

Cuidado com o Caio Fernando. Deve ser usado em doses homeopáticas, apesar ( e exatamente por isso) da sua extrema profundidade e sensibilidade.
Aprender a lidar com perdas é uma das coisas mais escrotas da vida, e todo ano sou reprovado nessa matéria. Devia ficar mais fácil com o tempo, mas parece que ficamos mais apegados àquilo que sobreviveu, e no ano seguinte, a mesma coisa...
No fim das contas, acho que é a vida que acaba matando a gente. Mas enquanto isso não acontece, existem as cervejas, os amigos e as risadas na mesa de bar.
Beijos

Heron disse...

Nossa... quanta coragem e sinceridade em tão poucas palavras!

Moça... da próxima vez que te chamar pra tomar umas será algo mais privê, apenas para os mais íntimos... saudade de conversar contigo!

beijos!

Dentista disse...

Só um comentário: encontramos com o tal moço em questão outro dia aqui no meio da rua. Gritamos e ele nem ouviu... Só pra vc ver como mesmo em Metropolis as pessoas se encontram por acaso...Igualzinho a Pequenópolis. Tudo igual...Beijo.