terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval

Acho muito divertido as expectativas dos amigos que viajam nesse período de carnaval. Tem mais de um mês que o tag no msn de Flor é "Tô me guardando pra quando o carnaval chegar... " Umas três semana pra cá é uma contagem regressiva sem fim. Já Lingua não sabe se pula o carnaval ou compra uma tv de LCD. Miacabo de rir.

Quem me conhece de muitos anos sabe que eu não perdia um carnaval. Afff Maria, ficava louca semanas antes. Tenho estórias bizarríssimas, outras mega-engraçadas e tem aquelas outras que de tão trágicas viram cômicas com o passar dos anos. Bem, depois que tive meu filho (vale-se frisar, num domingo de carnaval) esse fogo baixou um pouco mais. Tive que me conformar que carnaval era uma coisa que eu poderia curtir somente depois de alguns anos, talvez uma década. Primeiro por que ele era pequeno e agora simplesmente por causa da sua festinha de aniversário. Resultado disso? Oito anos que não brinco.

Graças a Deus, reclamo muito da vida, menos disso. Pequenópolis é uma delicia nessa época. Restaurantes, cinemas, praia do futuro, edifícios-garagem, locadora... Tudo na santa paz de Deus, livre de gatos-véi, teens e assaltantes. Todas essas sub-raças desaparecem da face da Terra. Migram todos para o infernos que são as praias do litoral leste e oeste.

A desvantagem é que também fico sem os amigos finos que migram sempre para o Rio, Salvador, Recife (nem tão finos assim, vamos combinar) e Florianópolis. Estes saem da cidade em busca de gente bonita e música boa. Claro que música boa, nesse caso é pessoal. Não vou opinar, nem julgar, mas todo mundo sabe que música boa mesmo é samba.

Tá certo que os sambas-enredo estão em crise visível. Sofrível demais tentar cantar aquelas músicas que parecem o balbuciar de um bebê africano. "Ogun yê, o Onirê, ele é odara/É Jeje, é Jeje, é Querebentã/A luz que bem de Daomé, reino de Dan". Tem nada não, questão de gosto mesmo, ainda quero ir lá conferir ao vivo. A batucada me comove.

Do maracatu e do frevo eu até gosto, mas o preço que se paga nas ruas de Olinda é muito alto para mim. Ladeira demais, gente feia e fedorenta demais. Ruas imundas, falta de água, colchonete no chão, mosquitos e calor, muito calor. Tô velha pra isso, verdade seja dita. Nasci velha pra isso. Raquerida e seu marido não gostarão muito dessa minha afirmação mas juro que não é pessoal. Detesto mesmo. Prefiro os bloquinhos de précarnaval do Benfica.

Carnaval na Bahia também acho que deve ser bom, mas tenho pra mim que jamais irei. Primeiro por que é caro demais vestir aquela fardinha horrorosa que todo mundo enche a boca pra dizer que comprou. Atoooorum mesmo falar das customizações. Tentativa banal de se destacar como indivíduo no meio daquela massa. Um paradoxo, eu acho. Depois, eu gosto mesmo é de Olodum, não é de Ivete, Cláudia Leite ou Daniela Mercury se matando de pular em cima de um trio elétrico com roupas minúsculas e saltos altíssimos. Além do mais, a música baiana (da Bahia ou não) foi um invenção que só veio corroborar com a imagem que tenho de carnaval emburrecedor. Já pensou, que loucura? Resolveram transformar estas interpretes em musas da "música popular brasileira". Para ser considerada musa não vale só ser baiana. Tem que ser feia, sapa e saber recitar poemas inteiros do Pessoa. Tá, meu bem?

Pois bem, já que falei bastante em Deus, inferno e carnaval, deixarei com vocês dois vídeos relacionados ao tema. O primeiro foi indicado por Língua que faltou fritar meu juízo de tanto cantar essa música escrota. Quase não citei nomes o post inteiro mas Número 1 e Língua são adeptos aos carnavais soteropolitanos. Frouxa de Rir e Golpista também. Em homenagem a eles taí o primeiro vídeo. Promessa de sucesso no carnaval baiano.

O segundo video foi enviado ontem pelo Diabo do meu Ódio, que também adorou torrar minha paciência cantando a música ininterruptamente. Ambos os vídeos são interessantes para confirmar minha teoria que música baiana dá pra fazer por qualquer doente mental que conheça um batuqueiro e um guitarrista. As dançarinas são opcionais mas ajudam no processo de fabricação de um hit de carnaval.

Confiram e me digam.

P.S. Essa semana já foram dois posts, hein? Se semana que vem eu não tiver nada, me perdoem. As coisas funcionam assim comigo. Tudo ou nada. Muita inspiração ou nenhuma.




3 comentários:

margot disse...

Mas não se trata apenas do carnaval: é a oportunidade de ir ao Rio e matar a saudade que vive me matando. De ver a Portela "entrando na avenida". O papai Tamas e o resto da família, os amigos de outros carnavais, reveillons, festas juninas. Pena que não cabem todos na minha mala. Beijo pra tu, chuchu!

Cinéfilo disse...

Nem te disse, mas também vou ser fino esse ano. Floripa me espera, junto com Pasolini, Hematológica e Dentista (of course!). Não é muito minha idéia de um bom carnaval, mas prefiro isso à Salvador.
E dá-lhe barbitúricos alucinógenos...

Cinéfilo disse...

Agora que ouvi o Xoxó...
Péssimo!!