quinta-feira, 2 de abril de 2009

With love, from me to you


"Da-me lírios,
Lírios e rosas também.
Mas se não tens lírios
Nem rosas a dar-me,
Tem vontade ao menos
De me dar os lírios
E também as rosas.
Basta-me a vontade
Que tens, se a tiveres
De me dar os lírios
E as rosas também.
E terei os lírios
Os melhores lírios
E as melhores rosas
Sem receber nada,
A não ser a prenda
Da tua vontade
De me dar os lírios
E as rosas também."

Álvaro de Campos


A expressão "Papel de enrolar prego" diz muito sobre minha personalidade. Eu, de fato possuo relativo déficit de habilidade social. Abraços e beijos são coisas difíceis vindas de mim, e são para pouquíssimos. Por outro lado, comentários ácidos, secos, politica e ecologicamente incorretos eu distribuo panoramicamente.

Namoros, relações avulsas e até meu casamento sempre foram desprovidos de declarações de amor públicas. Sempre achei meio truanescos os apelidos melosos. Ainda hoje acho.

Hoje eu fiquei com vontade de postar por que ontem foi aniversário do Diabo do meu Ódio e eu não postei nada. Não por que não quisesse, mas sabe aqueles mal entendidos? Ele diz: "Não precisa" E eu automaticamente entendo: "Não quero que você faça isso por que é um mico em potencial" ou "Sou discreto, corro longe dos holofotes do seu blog". Hoje eu vi que deveria ter insistido, que era só frescurinha mesmo do tipo "Não quero incomodar".

Devia ter insistido, apesar de eu mesma relutar em escrever um post de aniversário para um namorado. Sempre fico na dúvida se esse enfoque cabe aqui. Resolvi mandar tudo isso para as cucuias ja que tantas outras pessoas foram homenageadas por aqui também.

Devia ter insistido por que ele me ajudou a superar o pânico de relações monogâmicas, esperou meu tempo, me pressionou na medida certa. O velho e bom "comer pelas beiradas" fez hoje, eu, Papel, escrever um post de aniversário ridículo (Por que "Todas as cartas de amor são ridículas" de acordo com Álvaro de Campos).

Devia ter insistido também por que ele me fez redescobrir certos prazeres que só lembrava de desfrutar na adolescência. Coisas outrora ridículas, do tipo: ser chamada de namorada, me agarrar no sofá da minha mãe e no subsolo do prédio, andar de mãozinhas dadas e contar os dias que a gente tá junto. Outras coisas da gente eu jamais fiz (não revelo) e me arrependo terrivelmente por que até estou curtindo essa babaquice de mulher apaixonada e grotesca.

Os apelidos não, eu os mantive terríveis. Com Ele alcancei certo requinte. Tô morta de orgulhosa. Até por que em determinado momento eu tenho que me olhar no espelho e me reconhecer, quem sabe até sentir certo amor próprio. O post meloso eu até faço, mas desaforos aparecem fatalmente.

Portanto, Diabo do meu Ódio, Toalha Inútil, Mongolzinho Disléxico, Bala Pipper, Cláudia plus one, esse post é dedicado exclusivamente a você. Feliz aniversário querido.

P.S. Amigos, favor guardar suas zombarias para quem se incomode com elas. Tenho dito.

3 comentários:

Ricardo disse...

Se o post fosse de ontem eu acharia que era mentira... ;*

Cinéfilo disse...

Arrasou!!!

golpista disse...

achei lindo!