segunda-feira, 15 de junho de 2009

Enchimento de linguiça

Mulher sabe, por mais que nao se espere muito pra ser atendida no salão isso não significa que você não vai passar bastante tempo na ociosidade. Sempre tem espera. Tem dias de pura sorte que você engata uma atividade na outra. Na saída da depilaçao folgam duas manicures (uma pros pés e outra pras mãos) e um cabeleireiro. Isso quase nunca acontece e mesmo que acontecesse com frequência ainda existiria o tempo que vc teria que preencher, ENQUANTO, faz tudo isso.

Tenho pena dos homens que eu conheço, que sofrem sempre que tem que ir simplesmente para aparar os cabelos. Poucos eu conheço que não detestam essa atividade. Gay ou hétero, sempre a mesma reclamação. É pensando neles que eu resolvi fazer esse post. Meio besta, confesso, mas por motivos exclusivamente meus vou publicar mesmo assim. Preciso me manter escrevendo senão eu páro de vez. Por isso, perdoem a babaquice da semana.

Eu preencho meu tempo de acordo com o que eu faço, por exemplo, enquanto faço as unhas das mãos não se tem muitas opções a não ser conversar ou ver tv. Quando estou fazendo o cabelo não da pra ver tv mas você pode "ler"uma revista. Tudo iso pode parecer meio chato pros garotos já que normalmente só passa programa feminino de receitas ou moda e as revistas são de fofoca. Durante a espera eu costumo brincar de algo que vou revelar para vocês. O cúmulo da ociosidade, confesso, mas eu adoro por causa do veneno que eu me divirto em destilar. As vezes eu finjo que essas pessoas são clones de amigos ou conhecidos. Mas repito, a graça da brincadeira tá na maldade, se você não tem talento pra coisa, desista, deixe o cabelo crescer ou compre uma máquina e raspe em casa.

Começo observando as criaturas do salão. Não existe ninguém desisnteressante o suficiente. Tente mais um pouco. Dou nome, profissão e tento adivinhar seu futuro próximo.

Exemplo. Sílvia. Mulher de quarenta e poucos, pulseira, anéis, brincos, colar, relógio e tornozeleira de ouro, tailleur, luzes no cabelo, fazendo unhas e escova enquanto fala no celular e balança distraidamente a chave do seu Corolla novinho. Pensei: Advogada, filhos crescidos, divorciada, adora garotões. Jura que tem bom gosto e diz que queria ser decoradora. Daqui uma década estará namorando um wanna be mágico.

Pro rapazinho que entrou com fones de ouvido do celular, calça jeans e camiseta justa . Pediu para aparar o cabelo na máquina seu cabelo cheio de gel. Vendedor da zoomp, namorando, anda de ônibus, bichinha-pão-com-ovo-alpinista-social. Chama-se Juliano mas quando faz atendimento pensa que gostaria de ser chamada de Joyce. Em poucos anos será visto nas altas rodas.

Pra jovem perto dos trinta, a Ana Paula, voz esganiçada, mega hair, luzes, vestido de gosto duvidoso, cintão, sandália de plataforma, fica arrumando no cabelo enquanto a cabeireiro passa a pranchinha. Trabalha com vendas, namorando a espera da proposta no dia dos namorados. Frequenta o pagode do Colher de Pau. Gostaria de ter um casal de filhos João Pedro e Camila. Vai conhecer um crente, se converter e colar no vidro do uno mille a frase "Deus é fiel".

Fica a dica, hein?

Boa sorte, depois eu quero saber das estórias. Beijo, me liga.

3 comentários:

Cinéfilo disse...

Pra evitar depressão de cortar mais uma vez os cabelos, me apego à massagem fantástica que tem no salão perto de casa. O preço é meio salgado, mas compensa o desgosto da amputação mensal...

Rita Brum disse...

a-do-ro! faço algo parecido, mas não no cabelereiro... normalmente em estaçoes, bancos, do ir e vir, da espera..

Aline disse...

não, não Cláudia: João Pedro e Maria Eduarda, vai por mim.